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Quarta-feira 21, março 2012
Nove equipes de especialistas em
informática iniciaram ontem uma série de ataques para tentar burlar as
urnas eletrônicas que serão usadas nas eleições municipais de outubro.
Os 24 participantes da segunda edição dos Testes Públicos de Segurança
do Sistema Eletrônico de Votação participam até amanhã do evento,
realizado na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cujo objetivo é
aprimorar os procedimentos de tecnologia voltados para a proteção das
urnas.
Entre os grupos de “hackers”
inscritos para os testes, cinco são formados por professores, técnicos e
alunos de cursos de computação e engenharia eletrônica de universidades
de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Ceará, de Minas Gerais e do
Distrito Federal. Os quatro representantes da Universidade de Brasília
(UnB) tentarão alterar o resultado de uma eleição e quebrar o sigilo do
voto.
Ontem, no primeiro dia dos testes, o
professor de ciência da comunicação da UnB Diego Aranha, 29 anos,
dedicou-se a conhecer cada sistema das urnas para dar início aos
experimentos que conduz com três técnicos que trabalham na área de
segurança de dados da universidade. “Vamos simular uma eleição e
analisar o produto dessa votação. A nossa ideia é identificar em qual
candidato cada eleitor votou”, disse Aranha.
Desafio semelhante foi proposto pela
equipe da Universidade Federal de Uberlândia, comandada pelo professor
de computação Marcelo Rodrigues de Sousa, 47 anos. O plantel de três
investigadores planejou quatro ataques aos sistemas que compõem a urna
eletrônica. Uma das metas do grupo é quebrar o sigilo do voto a partir
do domínio de um programa da urna que os embaralha – não sendo assim
possível identificar em quem o eleitor votou. “Encontramos uma possível
vulnerabilidade no hardware da urna, mas sabemos que é bem difícil
conseguir burlar. Nesse primeiro dia, já notamos que as urnas apresentam
várias barreiras que dificilmente serão dominadas”, admitiu.
Rastros
Sousa acrescentou que sua meta, ao se
inscrever para os testes, é ajudar a tornar os equipamentos ainda mais
seguros. “A maioria dos ataques resulta na violação das urnas. Ou seja,
são ataques que podem ser detectados, pois deixam rastros”, destacou o
professor de computação.
O secretário de Tecnologia da
Informação do TSE, Giuseppe Janino, recordou que em 2009, quando o
tribunal realizou os primeiros testes abertos ao público, nenhum dos
participantes conseguiu burlar a urna e seus componentes. “Aprendemos
muito com os testes apresentados e atuamos de uma forma preventiva,
melhorando aqueles dispositivos que foram focos daqueles testes”, disse.
“É um evento inédito no mundo. Não há registro que qualquer país tenha
aberto seu sistema eleitoral, seja ele informatizado ou não, para
colocar à prova de investigadores e de potenciais hackers”, completou
Janino. Uma comissão disciplinadora, composta por especialistas, e
observadores externos acompanham cada passo dos testes.
Por Helena
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